Como eu posso ter desenvolvido essa lesão?
Existem duas formas de lesão do menisco: as lesões meniscais agudas (traumáticas) e as lesões meniscais crônicas (degenerativas). Dentro das lesões traumáticas, os pacientes chegam até mim apresentando uma dor súbita após um trauma dentro de esportes como futebol, basquete, vôlei, corrida e até mesmo alguma arte marcial/luta.
Geralmente, ou ocorre alguma torção ou algum adversário cai com o peso por cima do seu joelho, sendo uma dor mais localizada. “Doutor, eu estava jogando bola e torci meu joelho, na hora escutei um estalo no joelho e agora tenho dificuldade para esticar a perna toda”.
Já as lesões crônicas (degenerativas) estão associadas ao desgaste do joelho.
Os pacientes não sabem informar o momento exato que se instalaram as dores, elas foram “aparecendo com o tempo” e volta e meia são incapacitantes, surgem em movimentos simples como descer/subir escadas e até mesmo após algum agachamento para pegar objetos do chão. Nesses casos a dor é generalizada no joelho (“todo o joelho dói”).
Você se identificou com algum destes quadros?
Será que essa sua dor no joelho é parecida com uma característica das lesões meniscais?
Vamos adentrar mais no assunto nos próximos capítulos.
Meu joelho da algum sinal quando tem uma lesão no menisco?
Os sintomas relacionados às lesões meniscais vão depender do tamanho, tipo e localização da lesão. A queixa mais comum nas pessoas com ruptura do menisco é a dor no joelho. Essa dor vai ser pior quando você faz movimentos de mudança de direção e torção. Dependendo da lesão, estalos e travamento da articulação podem acompanhar a dor, assim o paciente diz “perder a confiança” no joelho, bem como o inchaço (derrame articular), que pode ir e voltar várias vezes, formando a famosa “água no joelho”.
Esses travamentos podem ocorrer quando fica um “pedaço do menisco” solto, como se fosse uma “pedra no sapato” sempre gerando incômodo. Além disso, quando se tem extensa lesão meniscal pode ser que ocorra o bloqueio do joelho, quando o paciente não estica mais o joelho por completo, diz ficar com a “perna engessada”.
Algumas condições podem predispor a lesões meniscais:
● Lesão do ligamento cruzado anterior (LCA)
● Osteoartrite ou artrose
● Deformidade do joelho (varo ou valgo)
● Obesidade
● Atividades esportivas de alta intensidade
● Alterações do formato do menisco – menisco discoide
Só com esses sintomas eu já tenho diagnóstico? O que mais eu preciso para confirmar a lesão?
Para você ter a melhor resposta, vale buscar um profissional médico bem treinado e especializado na área. Por isso estou aqui para te acompanhar e conseguirmos fazer um tratamento adequado, de qualidade e o mais seguro possível. Em vista disso, é necessário combinar o exame físico, parte crucial na suspeita de lesões meniscais, com exames complementares de imagem. Nesse sentido eu vou buscar entender o padrão dessa tua dor, por meio da tua história da lesão, diversas manobras para examinar o menisco, por meio da aplicação de pressão, rotação e palpações superficiais e profundas, principalmente a dor na linha articular do joelho, a qual vai diferenciar em lesão de menisco medial e lateral, visto que essas linhas se localizam ao lado da rótula (patela).
Apesar do raio-x não mostrar os meniscos, esse exame é importante para avaliar o joelho como um todo. Em casos de lesões meniscais mais antigas, o joelho pode “entortar” um pouco, o que chamamos de deformidade em valgo (joelhos para dentro) e deformidade em varo (joelhos para fora) que será avaliado pelo raio-x panorâmico de membros inferiores (que pega da bacia até o pé).
O exame padrão ouro para avaliar uma lesão de menisco é a ressonância magnética. Assim, é possível estimarmos o tamanho, tipo, localização e padrão da lesão, ajudando a guiar o teu tratamento adequado.
Vamos ter uma lesão meniscal quando se tem um “risco” no menisco, sugestivo por um traço branco dentro do meniscona imagem da ressonância magnética. O importante da ressonância magnética é que ainda podemos encontrar outras possíveis lesões além do menisco, como em ligamentos, cartilagens, fraturas e lesões degenerativas.
Por fim, tendo o diagnóstico correto de lesão meniscal, confirmado por exame físico e exames de imagem, vamos para a parte que você mais quer saber, o tratamento.
Como vou tratar a minha lesão de menisco? Preciso sempre de cirurgia?
A decisão do tratamento adequado depende da análise detalhada de uma série de fatores como: idade do paciente, tamanho da lesão, tipo de lesão, grau de atividade física e cronicidade da lesão meniscal.
Nesse sentido, estou aqui, como teu ortopedista especializado em joelho, para te acompanhar e tratarmos da melhor forma possível, evitando procedimentos desnecessários e sempre lembrando que você é a parte mais importante desse tratamento.
– Tratamento conservador
Grande parte das lesões meniscais tem resolução com o tratamento não cirúrgico (conservador), sendo auxiliado por uma equipe de fisioterapia, a qual, por meio de eletroanalgesia, eletroestimulação, alongamento das musculaturas da coxa e da perna, vai buscar o ganho crescente de força e de extensão da perna (esticar o joelho). Seguido de uma manutenção com educadores físicos, para fortalecimento muscular na academia, para que, o retorno às atividades físicas, seja o mais precoce possível.
Podendo contar com o auxílio de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios em pacientes que apresentam-se com dores agudas, bem como, o uso de gelo para controle de inchaço/edema.
Como você pode ver, um tratamento conservador de sucesso é composto por muitos fatores, e eu vou estar contigo em todas as etapas, visto que, quando executadas de maneira adequada, trazem muitos benefícios.
Porém, em casos mais graves, onde não obtivemos melhora com o tratamento conservador, vamos optar pela intervenção cirúrgica. Vou te explicar agora quais são as opções, sempre buscando ser o menos invasivo possível.
– Tratamento cirúrgico
O tratamento das lesões meniscais são realizadas através de uma cirurgia denominada Artroscopia. Nessa técnica, são realizados 2 ou 3 pequenos furos – incisões minimamente invasivas – que chamamos de portais, pelos quais inserimos a câmera e os instrumentos dentro do joelho e assim conseguimos realizar esses procedimentos que eu vou explicar logo abaixo.
– Meniscectomia parcial artroscópica
Consiste na retirada dos fragmentos instáveis do menisco, preservando toda a parte do menisco que está estável, ainda funcional. É a cirurgia de escolha para as situações que não é necessário retirada total do menisco. A principal vantagem dessa cirurgia é ser um procedimento não muito invasivo, com boa recuperação funcional e que está relacionada ao retorno às atividades mais precocemente possíveis.
– Reparo meniscal com sutura (pontos)
O reparo meniscal com sutura é realizado em lesões que tenham bom prognóstico para cicatrização. A principal vantagem é trazer de volta a funcionalidade do menisco, visto que vai restaurar o fragmento meniscal lesado por meio de pontos entre o menisco e o fragmento solto, como se fossem “bordados” e “costurados”.
Lesões especiais do menisco
Lesão de alça em balde no menisco
A lesão de alça de balde do menisco corresponde a aproximadamente 10% dos problemas da estrutura. Ela ocorre quando, por diferentes razões, as extremidades do menisco estão fixas, mas a parte central não. A lesão geralmente é grande e acomete a maior parte da superfície meniscal. Ela é três a quatro vezes mais comum no menisco medial do que no lateral.
Nestes casos, o menisco pode se comportar da mesma forma como se colocássemos um pequeno objeto na dobradiça de uma porta, impedindo que ela abra ou feche normalmente. Assim surge a dificuldade de dobrar e esticar o joelho, sendo essa a principal queixa dos pacientes quando chegam à clínica ou hospital.
O exame físico nesses casos pode ser bem específico de lesão em alça de balde quando o médico poderá tentar “desbloquear” o menisco por meio de manobras específicas. Além disso, sempre vamos buscar o exame de imagem para melhor avaliação, sendo sempre a ressonância magnética o padrão ouro para diagnóstico, no qual temos um sinal clássico, desse tipo de lesão, que chamamos de “duplo ligamento cruzado posterior”, que o menisco dobrado vai se posicionar ao lado do ligamento cruzado posterior, dando a impressão de duplicidade.
O tratamento desse tipo de lesão, na maioria das vezes, é cirúrgico. Sendo feita a recolocação do menisco no seu lugar original seguido de reparo (sutura), recuperando anatomia e função de antes da lesão. Por outro lado o tratamento não cirúrgico poderá ser indicado em pacientes pouco sintomáticos, sem bloqueio articular.
Lesão de raiz de menisco
As raízes dos meniscos são os locais em que estes terminam e se fixam no osso. Cada menisco (medial ou lateral) tem duas raízes: uma na parte da frente do joelho (anterior) e outra na parte de trás (posterior). Pense que as raízes dos meniscos são os prendedores de roupa, sendo os responsáveis pela fixação e segurança. No caso de uma lesão da raiz, o menisco tende a ficar extruso, como se estivesse fora do joelho.
Assim, quando se lesa a raíz do menisco, perdemos nossa “âncora”, levando a verdadeira extrusão do menisco, visto que não tem fixação com os ossos do joelho.
O tratamento desse tipo de lesão vai depender de fatores como qual o menisco acometido, se é precedido de lesão traumática ou presença de problemas associados, sendo um desalinhamento do joelho, artrose ou até artrite reumatóide.
Dessa forma, para manter a sua função, o menisco precisa ser fixado ao osso, não apenas na cápsula ou no restante do menisco por sutura (pontos). Assim fazemos o reparo dessa raiz de menisco por meio de uma fixação transósea. Que consiste em fazer uma sutura em torno da raiz do menisco, logo se perfura um pequeno buraco pela frente da tíbia (osso da perna) para a área de fixação do menisco – raiz, por meio desse furo essas suturas vão ser levadas e fixadas na cortical do osso tíbial.
Doutor, preciso ficar internado? Quando vou poder voltar a caminhar? Como funciona o pós operatório
● Cada vez mais as técnicas evoluem para que a reabilitação seja o mais rápido possível. Depende muito do tipo de cirurgia que foi realizada e o padrão da sua lesão.
● Em casos de meniscectomia parcial (quando eu tiro um pedaço do menisco), temos um pós operatório mais tranquilo, sendo já estimulado a pisar no chão no decorrer dos dias, bem como o uso de muletas para auxiliar o paciente a adquirir confiança nos primeiros dias.
● No caso de sutura meniscal, o principal cuidado é a recidiva desses pontos soltarem, necessitando assim de mais cautela e até restrições de movimento nos primeiros momentos pós-cirurgia. Não existe uma “receita de bolo” para o pós operatório, cada caso é individualizado à medida que temos confiança para progredir. É sempre bom lembrar da importância e do benefício que temos quando é possível seguir o tratamento com apoio de fisioterapeutas e educadores físicos visando a qualidade de vida e retorno às atividades o mais rápido possível.