O que é artrose de joelho?
● Conhecida como artrose ou osteoartrose, possui vários sinônimos e é mundialmente conhecida como osteoartrite. Segundo a organização mundial da saúde (OMS), a artrose é a doença mais prevalente na população mundial acometendo mais de 70% da população acima dos 60 anos, sendo de longe a forma mais comum de doença articular, e o joelho é uma das articulações mais afetadas.
● Simplificando, a artrose é definida como um desgaste do joelho. Assim como os cabelos vão ficando grisalhos, as modificações na pele vão crescendo ao longo dos anos, a saúde dos nossos joelhos não é diferente, a cartilagem e os meniscos responsáveis por darem mobilidade para nossos joelhos e potencializando aquele movimento de “dobradiça” vão “gastando” e ficando mais finos e sensíveis, assim, cronicamente, levam a artrose de joelho.
● Quando essa articulação desenvolve artrose, os ossos envolvidos na dobradiça, que seriam o osso da coxa – fêmur, o osso da perna – tíbia e a rótula – patela ficam mais ativos que o normal e formam os esporões ósseos chamados de osteófitos, que você deve conhecer popularmente como bicos de papagaio.
● Com a evolução desse desgaste, passa a existir mais contato “osso com osso” causando maior enrijecimento do joelho associado aos consequentes sintomas que você pode estar sentindo e eu vou te citar eles mais para frente. Agora vou te explicar como eles podem ter surgido e o porquê.
Quais as causas e os fatores de risco para artrose de joelho?
Podemos dividir a artrose em dois tipos e isso vai te ajudar a entender melhor as suas causas:
Artrose primária: é aquela artrose causada essencialmente pelo envelhecimento natural e desgaste do joelho, sem nenhum outro fator causal. Como se fosse aquele carro que foi gastando amortecedores (meniscos) e pneus (cartilagem) mesmo sem nenhuma batida prejudicial.
Geralmente esses quadros são progressivos e crônicos, podendo associar com sobrepeso, histórico familiar e perda de massa muscular.
Torna-se até duas vezes mais frequente em mulheres do que homens e ainda em pessoas com atividades de alto impacto. Dessa forma surgem os relatos de pacientes que dizem ter trabalhado anos agachados e agora anda difícil até para se abaixarem, como se os joelhos estivessem travados.
Como também casos de pessoas que trabalhavam carregando muito peso e sempre sentiram os joelhos estralando ou até que acordam todas as manhãs com as pernas duras, sem força e principalmente em dias de frio.
Já a Artrose secundária, diferencia-se, pois nesses casos existe alguma doença ou relação que leva ao desenvolvimento de artrose, que pode apresentar-se em pessoas mais jovens e até de forma mais grave.
Por exemplo, temos casos de pessoas com problemas na anatomia das articulações, casos de joelhos em valgo (para dentro) ou varo (para fora), ou seja, nasceram ou desenvolveram com alteração do eixo dos membros inferiores, pessoas com lesões ligamentares antigas e até fraturas que ocorreram ao redor do joelho. Ainda surgem casos de artrose secundária em pessoas com artrite reumatóide, sendo essa uma doença autoimune de inflamação das articulações, que pode acometer os joelhos e acelerar o processo de artrose.
Fatores de risco
● Idade (mais frequentes em pessoas acima dos 60 anos)
● Sexo (mais frequente no sexo feminino do que no masculino)
● Sobrepeso
● Sedentarismo
● Comorbidades prévias (ansiedade, depressão, diabetes)
● Lesões prévias
● Anatomia articular
● Fraqueza muscular
O que a pessoa com degeneração/artrose do joelho sente e apresenta?
● O paciente com artrose no joelho terá dor por um longo período e a instalação dessa dor se dará de forma progressiva. Eu vou te mostrar o que de mais frequente meus pacientes chegam apresentando aqui no consultório.
● O primeiro sintoma costuma ser a DOR, que tende a piorar após a prática de longas caminhadas, exercícios envolvendo impacto, após subir ou descer lances de escadas. Mas pode ter certeza que essa dor vem acompanhada de mais alguns sintomas, que vão direcionar ainda mais a minha tomada de decisão para decidir qual a melhor conduta para ti.
● Outra característica da dor nos joelhos por degeneração articular é ocorrer após períodos de repouso: paciente conta que tem dor pela manhã ao começar as suas atividades diárias ou após ficar por um longo período sentado.
● Articulação enrijecida: você ao acordar sente que o joelho e a perna estão engessados, ou após passar muito tempo parado sente dificuldade para esticar completamente a perna ou até de dobrar e cruzar as pernas.
● Inchaço: a famosa “água no joelho” que surge, principalmente, após você praticar qualquer esforço físico, decorrente de todo processo inflamatório que acomete a articulação.
● Instabilidade: Doutor, sinto que meu joelho está falseando, falhando; estou sem força para ficar em pé e não consigo nem dar colo para os meus netos, não sinto mais confiança para caminhar e nem as sacolas do mercado consigo carregar.
● Crepitações: “sinto como se tivesse areia no meu joelho e até bolhas estourando quando dobro ele”. Decorrentes da fragilidade que os meniscos e cartilagens já podem se encontrar.
● Deformidade das pernas: O paciente costuma observar que os joelhos estão mais para fora, chamamos de deformidade em varo, ou até que está mais baixo e perdeu altura em relação a antigamente ou sente os joelhos para dentro, deformidade em valgo, e sinto eles “roçando” um com o outro e não encosto meus pés quando estou deitado.
Então se eu sinto alguns ou todos esses sintomas, já quer dizer que tenho artrose?
Não, para isso é necessário exames confirmatórios.
● Exames complementares e diagnóstico de artrose;
● Para você ter a melhor resposta, vale buscar um profissional médico bem treinado e especializado na área. Por isso estou aqui para te acompanhar e conseguirmos fazer um tratamento adequado, de qualidade e o mais seguro possível.
● Em vista disso, é necessário combinar o exame físico, parte crucial na suspeita de artrose. É através dele que eu vou buscar entender o padrão da tua dor, crepitação, instabilidade articular, fraqueza, possíveis movimentos restritivos, atrofia(afinamento) da musculatura da coxa., pesquisa de alguma deformidade ou assimetria que possa estar comprometendo ainda mais o equilíbrio das forças no seu joelho.
● Para o teu benefício, é de extrema importância ter uma boa função muscular, uma vez que o fortalecimento previne o agravo da doença e ajuda muito a evitar o surgimento de novos sintomas.
● Após nosso primeiro contato, o exame complementar de imagem me auxilia para confirmar o diagnóstico. Assim, solicito um raio-x em pé (ortostático), que é um excelente e crucial exame para avaliar a artrose do joelho, desse modo também vemos se existe alguma redução do espaço articular.
● A ressonância magnética, em casos mais leves e selecionados, também é importante, visto que traz alguns detalhes como a degeneração dos meniscos, a extrusão meniscal (quando o menisco sai do lugar original), a quantidade de líquido articular e o edema ósseo, sendo este, muitas vezes tratado através de procedimentos minimamente invasivos como a subcondroplastia.
● Por fim, tendo o diagnóstico correto da artrose de joelho, confirmado por exame físico e avaliação por exames de imagem, vamos para a parte que você mais quer saber.
Preciso operar? Como vou tratar a artrose?
● Como já falado anteriormente, o pilar do tratamento de artrose é o fortalecimento muscular, controle de movimentos e educação do próprio paciente sobre a doença e suas limitações. Vamos sempre começar com os passos mais básicos, como pequenas mudanças do estilo de vida, e progredir, se necessário, para o mais invasivo que seria a cirurgia.
● Para uma melhor efetividade do tratamento e prevenção da sua artrose, é válido ter uma equipe especializada e que se completa, como se fosse um time de futebol, dessa forma podemos contar com o apoio de nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos para melhor adesão e eficiência do tratamento.
● Vale ressaltar que VOCÊ É A PARTE MAIS IMPORTANTE desse tratamento e estou aqui para tirar todas as dúvidas e mitos que se tem sobre a artrose, agora trazendo os principais pontos sobre o que temos de melhor tanto no tratamento conservador (não-cirúrgico) quanto no tratamento cirúrgico.
Tratamento conservador da artrose de joelho
● Devemos começar pensando em pequenas mudanças do teu dia a dia que vão proteger a articulação do joelho e retardar o progresso da doença.
● Os pilares, que já expus anteriormente, são:
– Educação do paciente – você é parte do processo, entender sobre o problema que está enfrentando é fundamental;
– Fortalecimento da musculatura e condicionamento físico;
– Controle do peso;
● O seu tratamento vai se dar de forma individualizada, com cada paciente é usada uma estratégia dependendo dos sintomas, do tipo de lesão e dentro das possibilidades do paciente, não temos nenhuma receita de bolo, vamos juntos adaptando o que temos de melhor e mais eficiente para cada cenário, com foco no seu bem-estar e permitindo que as atividades, antes difíceis ou até impossíveis, voltem a ser realizadas.
● Apesar de termos focado essencialmente no fortalecimento muscular, ele não caminha sozinho. É recorrente pacientes chegarem até mim com quadros de crises de dor e muito inchaço. Nesses casos, vamos utilizar medicamentos para alívio desses sintomas, analgésicos e anti-inflamatórios são os de escolha, sendo usados com cautela e após orientações médicas, a fim de evitarmos efeitos colaterais e garantirmos segurança.
● Existem também medicamentos específicos da artrose, como glicosamina condroitina e colágeno não hidrolisado tipo II (mais utilizado atualmente), que não irão regenerar a cartilagem, mas podem diminuir a progressão da degeneração articular e melhorar a dor intensa. Não esqueça de sempre ter uma avaliação médica antes de iniciar qualquer medicação.
● Outra opção de tratamento são as infiltrações de joelho, que podem ser de cortisona ou ácido hialurônico. Realizamos uma punção para retirar a famosa “água no joelho”, que já traz um alívio muito grande, segundo meus pacientes.
● O ácido hialurônico, método mais utilizado nos últimos anos e que, cada vez mais, é a preferência, funciona lubrificando o joelho do paciente e melhora assim o movimento de “dobradiça” e também como um antiinflamatório local, bloqueando a via inflamatória típica da degeneração articular. Vale ressaltar que sua indicação varia pela idade e grau de comprometimento da artrose.
● Como você pode ver, um tratamento conservador de sucesso é composto por muitos fatores e eu vou estar contigo em todas as etapas, visto que, quando são executadas de maneira adequada, trazem muitos benefícios.
● Porém, em casos mais graves, onde não obtivemos melhora com o tratamento conservador, vamos optar pela intervenção cirúrgica. Vou te explicar agora quais são as opções, sempre buscando ser o menos invasivo possível.
Tratamento cirúrgico da artrose de joelho
Artroscopia
Realizada por pequenas incisões, consiste em inserir a câmera dentro do joelho, através de 2 ou 3 furos, que chamamos de portais. Dessa forma vamos fazer uma limpeza articular, com remoção de tecido inflamatório, dos osteófitos e algum possível fragmento livre (pedaço de cartilagem ou menisco solto dentro do joelho). Possui uma função paliativa e de alívio dos sintomas mecânicos, sendo indicada em casos intermediários e pacientes mais jovens.
Subcondroplastia
Uma das técnicas mais novas no Brasil, na qual é colocado “cimento ósseo” na área mais frágil do osso sobrecarregado pela artrose ou em locais afetados com fraturas por insuficiência óssea. Indicada em casos bem selecionados principalmente da chamada artrose unicompartimental (artrose em um ponto só do joelho) e em casos que a cartilagem ainda não afundou.
Osteotomia
Cirurgias para correção de desalinhamentos, quando a artrose afeta o joelho de forma parcial. Se realiza o realinhamento do joelho, por meio do que chamamos de mudança de eixo, fazendo com que o peso deixe de passar na área doente do joelho e seja jogado para a área sadia. Indicada também em artroses unicompartimentais ( de um lado só do joelho, lateral ou medial). Realizado uma alteração na anatomia tanto no osso da coxa – fêmur, quanto no da perna – tíbia, para se colocar uma placa.
Pacientes vão apresentar-se de duas formas, com os joelhos em valgo ( em X ou “para dentro”) ou em varo ( “para fora”).
Prótese de joelho
Procedimento tradicional, na qual toda a articulação envolvida no joelho é substituída, parte do osso da coxa (fêmur), da perna (tíbia) e também da rótula (patela), por uma prótese de metal e uma espécie de plástico (o polietileno) que fica entre as duas partes de metal, evitando contato metal-metal. Indicada nos casos com degeneração avançada do joelho e quando o paciente tem muitos sintomas. Essa intervenção traz melhoria na qualidade de vida do paciente. Muitos pacientes têm a dúvida sobre a duração da prótese, mas não é possível afirmar um tempo exato e prazo, cada vez mais esses implantes tem maior duração devido às modernidades.
Doutor, preciso ficar internado? Quando vou poder voltar a caminhar?
● Reabilitação e pós operatório
● Cada vez mais as técnicas evoluem para que a reabilitação seja o mais rápido possível.
● Nos casos de artroscopia e subcondroplastia, por serem menos invasivas, permitem um pós operatório tranquilo, deve-se evitar a descarga peso sobre o joelho pós operado e buscar o auxílio de um fisioterapeuta para retorno efetivo de movimentação e posterior reforço de musculatura.
● Nos casos de próteses, técnicas cada vez mais modernas permitem uma reabilitação mais acelerada, onde orientamos os pacientes a pisarem no chão, cuidadosamente, já no primeiro dia após a cirurgia e assim começarem com o treinamento de marcha de imediato, pode-se usar uma muleta para lhes dar segurança nesse primeiro momento. É válido também o estímulo para a extensão do joelho, esticar a perna o mais cedo possível, evitando o encurtamento da perna para que isso não gere dificuldades para caminhar no futuro.
Como posso prevenir e não desenvolver a artrose do joelho?
● Prevenção de artrose
● O foco da prevenção vai ser o tratamento das principais causas e fatores de risco da artrose. Sendo assim, o paciente precisa objetivar em manter um peso saudável, uma vez que, o peso em excesso, aumenta a pressão sobre os joelhos, que, com o passar do tempo, vai contribuir no desgaste das cartilagens. Aliado a isso, o controle do açúcar no sangue (glicose), uma vez que os altos níveis dele e o próprio diabetes aumentam o risco de inflamação nas cartilagens.
● Como já dito anteriormente, volto a insistir no benefício do exercício físico regular para prevenir artrose no futuro, visto que ajuda as articulações a permanecerem flexíveis, fortalece as musculaturas que sustentam o joelho e reduz o risco de surgirem outras doenças. Dentro da prática de exercícios físicos, temos que ter o cuidado com aqueles esportes de muito impacto, subir e descer muitas escadas e agachar-se demais, para que a solução não acabe se tornando o problema. Por isso, repito sobre a importância de aliar os nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos tanto no tratamento quanto na prevenção da artrose.